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O que você alimenta quando se alimenta?

Segundo dados da FAO, cerca de 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas por ano no mundo. Esses dados são alarmantes visto que a fome atinge hoje cerca de 820 milhões de pessoas no mundo e esses alimentos perdidos poderiam sanar o problema da fome. Por isso acreditamos que a principal mudança que precisamos realizar para erradicar a fome do mundo está muito mais ligada ao nosso modelo de distribuição e consumo do que em qualquer ineficiência dos sistemas orgânicos e agroflorestais de produção.


Na década de 1950, a Revolução Verde foi um modelo de agricultura que gerou um enorme prejuízo socioambiental para o nosso país. Esse modelo tinha como base o uso de maquinários, o plantio de monoculturas, melhoramento de sementes e o uso intensivo de insumos industriais (como fertilizantes e agrotóxicos). Segundo o “Dossiê Abrasco”, cerca de um terço dos alimentos consumidos no Brasil estão contaminados por agrotóxicos. Tais substâncias geram diversos problemas para a saúde humana, além de impactos gravíssimos para o meio ambiente, como a contaminação de mananciais e do solo. Aqui na Associação Balaiar fazemos uma agricultura livre de insumos industriais e plantamos mais de 100 espécies diferentes de plantas comestíveis para podermos oferecer aos nossos apoiadores produtos orgânicos, saudáveis e diversos. Buscamos com a nosso manejo recuperar e gerar mais vida no solo, aumentar a biodiversidade da área que ocupamos e recuperar as nossas nascentes e cursos d'água. Incentivamos o consumo consciente através da distribuição de alimentos da estação, o que gera uma necessidade de manejo e de insumos muito menor. Em nossas cestas, entregamos tudo que podemos sem embalagens (o que precisa de embalagens mandamos em saquinhos de papel) e trabalhamos com sacolas retornáveis; ou seja, entregamos as cestas cheias de alimentos e na semana seguinte recebemos de volta a sacola vazia da semana anterior.


Hoje em dia, o salário médio mensal recebido por um trabalhador rural no Brasil é de R$ 1.343,81. Comparando esse valor com o de outras profissões, como professores (piso salarial de R$ 2.557,00) ou médicos (salário médio de R$ 8.286,77), perceberemos que essa é uma profissão desvalorizada, mesmo sendo muito essencial, afinal dela provém alimentos para todas as pessoas. Determinados a valorizar a nossa profissão e mostrar a sua importância para nossos apoiadores, decidimos, inspirados no modelo do CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura), propor uma assinatura mensal, recorrente, para o pagamento dos nossos produtos. Dessa maneira, nós que produzimos o alimento conseguimos ter a tranquilidade de que nosso investimento na terra não vai gerar nem desperdício de alimentos e nem falta de recursos, pois temos o apoio mensal dos nossos apoiadores. É como a mensalidade da academia ou da Netflix, paga-se para que aquela estrutura e aquela produção possam ser disponibilizadas e compartilhadas com os assinantes para quando eles precisarem. Vendemos alimento como um serviço e não como um produto e mais profundamente acreditamos na importância das relações de proximidade que tecemos com nossos apoiadores. Acreditamos que essa ideia ajuda a diminuir a exploração dos recursos naturais porque o agricultor passa a plantar para manter o serviço de gerar alimento para alimentar pessoas, e não mais para conseguir lucro a partir de preços que seguem a lógica da oferta e demanda. Além disso, com a criação e a consolidação de uma CSA coesa e com participantes conscientes, podemos investir na formação de um grupo socialmente mais diverso, através da precificação participativa, na qual cada pessoa paga o que puder e leva tanto alimento quanto precisar para alimentar sua família, assim incluímos pessoas com menor poder aquisitivo, podendo ter uma alimentação saudável.

Nossa missão é garantir que as pessoas tenham cada vez mais informações relevantes e conscientizadoras, para que possam direcionar suas vidas no sentido de práticas e relações mais amorosas, empáticas e sustentáveis.




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